Antes de iniciar a leitura convido voce a dar uma olhada nos "links" abaixo que dizem respeito a campanhas realizadas abordando a questão: Doação de Orgãos.
São filmes curtos, de 30 segundos em média...
- http://www.youtube.com/watch?v=jQDZZ0UaJWQ&feature=related
- http://www.youtube.com/watch?v=YlG7HK8sgFU&feature=related
- http://www.youtube.com/watch?v=DSgICE_rzsM&NR=1
- http://www.youtube.com/watch?v=_mmAHrGlADk&feature=related
Após assistir aos 4 filmes... veja os textos abaixo onde procuramos trazer a tona uma série de informações que visam esclarecer questões que não se calam quanto a Doação de Orgãos. ______________________________________________________
Como posso me tornar um doador de órgãos?O passo principal para você se tornar um doador é conversar com a sua família e deixar bem claro o seu desejo.
Não é necessário deixar nada por escrito. Porém, os familiares devem se comprometer a autorizar a doação por escrito após a morte. A doação de órgãos é um ato pelo qual você manifesta a vontade de que, a partir do momento da constatação da morte encefálica, uma ou mais partes do seu corpo (órgãos ou tecidos), em condiçães de serem aproveitadas para transplante, possam ajudar outras pessoas.
Quero ser um doador de órgãos. O que posso doar?* Córneas (retiradas do doador até seis horas depois da parada cardíaca e mantidas fora do corpo por até sete dias);* Coração (retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo seis horas);* Pulmão (retirados do doador antes da parada cardíaca e mantidos fora do corpo por no máximo seis horas);* Rins (retirados do doador até 30 minutos após a parada cardíaca e mantidos fora do corpo até 48 horas);* Fígado (retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo 24 horas);* Pâncreas (retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo 24 horas);* Ossos (retirados do doador até seis horas depois da parada cardíaca e mantidos fora do corpo por até cinco anos);* Medula óssea (se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue);* Pele; e* Valvas Cardíacas.
Quem recebe os órgãos e/ou tecidos doados? Quando é reconhecido um doador efetivo, a central de transplantes é comunicada, pois apenas ela tem acesso aos cadastros técnicos com informações de quem está na fila esperando um órgão. Além da ordem da lista, a escolha do receptor será definida pelos exames de compatibilidade entre o doador e o receptor. Por isso, nem sempre o primeiro da fila é o próximo a receber o órgão.
Como garantir que meus órgãos não serão vendidos depois da minha morte?As centrais de transplantes das secretarias estaduais de saúde controlam todo o processo, desde a retirada dos órgãos até a indicação do receptor. Assim, as centrais de transplantes controlam o destino de todos os órgãos doados e retirados.
Disseram-me que o corpo do doador depois da retirada dos órgãos fica todo deformado. Isso é verdade?É mentira. A diferença não dá para perceber. Aparentemente o corpo fica igualzinho. Aliás, a Lei é clara quanto a isso: os hospitais autorizados a retirar os órgãos têm que recuperar a mesma aparência que o doador tinha antes da retirada. Para quem doa não faz diferença, mas para quem recebe sim!
Posso doar meus órgãos em vida?Sim. Também existe a doação de órgãos ainda vivo. O médico poderá avaliar a história clínica da pessoa e as doenças anteriores. A compatibilidade sangüínea é primordial em todos os casos. Há também testes especiais para selecionar o doador que apresenta maior chance de sucesso. Os doadores vivos são aqueles que doam um órgão duplo como o rim, uma parte do fígado, pâncreas ou pulmão, ou um tecido como a medula óssea, para que se possa ser transplantado em alguém de sua família ou amigo. Este tipo de doação só acontece se não representar nenhum problema de saúde para a pessoa que doa.
Para doar órgãos em vida é necessário:* ser um cidadão juridicamente capaz;* estar em condições de doar o órgão ou tecido sem comprometer a saúde e aptidões vitais;* apresentar condições adequadas de saúde, avaliadas por um médico que afaste a possibilidade de existir doenças que comprometam a saúde durante e após a doação;* Querer doar um órgão ou tecido que seja duplo, como o rim, e não impeça o organismo do doador continuar funcionando; " Ter um receptor com indicação terapêutica indispensável de transplante; e* Ser parente de até quarto grau ou cônjuge. No caso de não parentes, a doação só poderá ser feita com autorização judicial.
Orgãos e tecidos que podem ser doados em vida: * Rim;* Pâncreas;* Medula óssea (se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue);* Fígado (apenas parte dele, em torno de 70%); e* Pulmão (apenas parte dele, em situações excepcionais).
Quem não pode doar? * Pacientes portadores de insuficiência orgânica que comprometa o funcionamento dos órgãos e tecidos doados, como insuficiência renal, hepática, cardíaca, pulmonar, pancreática e medular; * Portadores de doenças contagiosas transmissíveis por transplante, como soropositivos para HIV, doença de Chagas, hepatite B e C, além de todas as demais contra-indicações utilizadas para a doação de sangue e hemoderivados;* Pacientes com infecção generalizada ou insuficiência de múltiplos órgãos e sistemas; e* Pessoas com tumores malignos - com exceção daqueles restritos ao sistema nervoso central, carcinoma basocelular e câncer de útero - e doenças degenerativas crônicas.
O que diz a Lei brasileira de transplante atualmente?Lei que dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante é a Lei 9.434, de 04 de fevereiro de 1997, posteriormente alterada pela Lei nº 10.211, de 23 de março de 2001, que substituiu a doação presumida pelo consentimento informado do desejo de doar. Segundo a nova Lei, as manifestações de vontade à doação de tecidos, órgãos e partes do corpo humano, após a morte, que constavam na Carteira de Identidade Civil e na Carteira Nacional de Habilitação, perderam sua validade a partir do dia 22 de dezembro de 2000. Isto significa que, hoje, a retirada de órgãos/tecidos de pessoas falecidas para a realização de transplante depende da autorização da família. Sendo assim, é muito importante que uma pessoa, que deseja após a sua morte, ser uma doadora de órgãos e tecidos comunique à sua família sobre o seu desejo, para que a mesma autorize a doação no momento oportuno.
Como pode ser identificado um doador de órgãos?A Centrais Estaduais também têm um papel importante no processo de identificação/doação de órgãos. As atribuições das CNCDOs são, em linhas gerais: a inscrição e classificação de potenciais receptores; o recebimento de notificações de morte encefálica, o encaminhamento e providências quanto ao transporte dos órgãos e tecidos, notificação à Central Nacional dos órgãos não aproveitados no estado para o redirecionamento dos mesmos para outros estados, dentre outras. Cabe ao coordenador estadual determinar o encaminhamento e providenciar o transporte do receptor ideal, respeitando os critérios de classificação, exclusão e urgência de cada tipo de órgão que determinam a posição na lista de espera. O que é realizado com o auxílio de um sistema informatizado para o ranking dos receptores mais compatíveis.
A identificação de potenciais doadores é feita, principalmente, nos hospitais onde os mesmos estão internados, através das Comissões Intra-hospitalares de Transplante, nas UTIs e Emergências em pacientes com o diagnóstico de Morte Encefálica. As funções da coordenação intra-hospitalar baseiam-se em organizar, no âmbito do hospital, o processo de captação de órgãos, articular-se com as equipes médicas do hospital, especialmente as das Unidades de Tratamento Intensivo e dos Serviços de Urgência e Emergência, no sentido de identificar os potenciais doadores e estimular seu adequado suporte para fins de doação, e articular-se com a respectiva Central de Notificação, Captação e Distribuição de órgãos, sob cuja coordenação esteja possibilitando o adequado fluxo de informações.
Quero ser um doador de órgãos. O que posso doar?* Córneas (retiradas do doador até seis horas depois da parada cardíaca e mantidas fora do corpo por até sete dias);* Coração (retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo seis horas);* Pulmão (retirados do doador antes da parada cardíaca e mantidos fora do corpo por no máximo seis horas);* Rins (retirados do doador até 30 minutos após a parada cardíaca e mantidos fora do corpo até 48 horas);* Fígado (retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo 24 horas);* Pâncreas (retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo 24 horas);* Ossos (retirados do doador até seis horas depois da parada cardíaca e mantidos fora do corpo por até cinco anos);* Medula óssea (se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue);* Pele; e* Valvas Cardíacas.
Quem recebe os órgãos e/ou tecidos doados? Quando é reconhecido um doador efetivo, a central de transplantes é comunicada, pois apenas ela tem acesso aos cadastros técnicos com informações de quem está na fila esperando um órgão. Além da ordem da lista, a escolha do receptor será definida pelos exames de compatibilidade entre o doador e o receptor. Por isso, nem sempre o primeiro da fila é o próximo a receber o órgão.
Como garantir que meus órgãos não serão vendidos depois da minha morte?As centrais de transplantes das secretarias estaduais de saúde controlam todo o processo, desde a retirada dos órgãos até a indicação do receptor. Assim, as centrais de transplantes controlam o destino de todos os órgãos doados e retirados.
Disseram-me que o corpo do doador depois da retirada dos órgãos fica todo deformado. Isso é verdade?É mentira. A diferença não dá para perceber. Aparentemente o corpo fica igualzinho. Aliás, a Lei é clara quanto a isso: os hospitais autorizados a retirar os órgãos têm que recuperar a mesma aparência que o doador tinha antes da retirada. Para quem doa não faz diferença, mas para quem recebe sim!
Posso doar meus órgãos em vida?Sim. Também existe a doação de órgãos ainda vivo. O médico poderá avaliar a história clínica da pessoa e as doenças anteriores. A compatibilidade sangüínea é primordial em todos os casos. Há também testes especiais para selecionar o doador que apresenta maior chance de sucesso. Os doadores vivos são aqueles que doam um órgão duplo como o rim, uma parte do fígado, pâncreas ou pulmão, ou um tecido como a medula óssea, para que se possa ser transplantado em alguém de sua família ou amigo. Este tipo de doação só acontece se não representar nenhum problema de saúde para a pessoa que doa.
Para doar órgãos em vida é necessário:* ser um cidadão juridicamente capaz;* estar em condições de doar o órgão ou tecido sem comprometer a saúde e aptidões vitais;* apresentar condições adequadas de saúde, avaliadas por um médico que afaste a possibilidade de existir doenças que comprometam a saúde durante e após a doação;* Querer doar um órgão ou tecido que seja duplo, como o rim, e não impeça o organismo do doador continuar funcionando; " Ter um receptor com indicação terapêutica indispensável de transplante; e* Ser parente de até quarto grau ou cônjuge. No caso de não parentes, a doação só poderá ser feita com autorização judicial.
Orgãos e tecidos que podem ser doados em vida: * Rim;* Pâncreas;* Medula óssea (se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue);* Fígado (apenas parte dele, em torno de 70%); e* Pulmão (apenas parte dele, em situações excepcionais).
Quem não pode doar? * Pacientes portadores de insuficiência orgânica que comprometa o funcionamento dos órgãos e tecidos doados, como insuficiência renal, hepática, cardíaca, pulmonar, pancreática e medular; * Portadores de doenças contagiosas transmissíveis por transplante, como soropositivos para HIV, doença de Chagas, hepatite B e C, além de todas as demais contra-indicações utilizadas para a doação de sangue e hemoderivados;* Pacientes com infecção generalizada ou insuficiência de múltiplos órgãos e sistemas; e* Pessoas com tumores malignos - com exceção daqueles restritos ao sistema nervoso central, carcinoma basocelular e câncer de útero - e doenças degenerativas crônicas.
O que diz a Lei brasileira de transplante atualmente?Lei que dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante é a Lei 9.434, de 04 de fevereiro de 1997, posteriormente alterada pela Lei nº 10.211, de 23 de março de 2001, que substituiu a doação presumida pelo consentimento informado do desejo de doar. Segundo a nova Lei, as manifestações de vontade à doação de tecidos, órgãos e partes do corpo humano, após a morte, que constavam na Carteira de Identidade Civil e na Carteira Nacional de Habilitação, perderam sua validade a partir do dia 22 de dezembro de 2000. Isto significa que, hoje, a retirada de órgãos/tecidos de pessoas falecidas para a realização de transplante depende da autorização da família. Sendo assim, é muito importante que uma pessoa, que deseja após a sua morte, ser uma doadora de órgãos e tecidos comunique à sua família sobre o seu desejo, para que a mesma autorize a doação no momento oportuno.
Como pode ser identificado um doador de órgãos?A Centrais Estaduais também têm um papel importante no processo de identificação/doação de órgãos. As atribuições das CNCDOs são, em linhas gerais: a inscrição e classificação de potenciais receptores; o recebimento de notificações de morte encefálica, o encaminhamento e providências quanto ao transporte dos órgãos e tecidos, notificação à Central Nacional dos órgãos não aproveitados no estado para o redirecionamento dos mesmos para outros estados, dentre outras. Cabe ao coordenador estadual determinar o encaminhamento e providenciar o transporte do receptor ideal, respeitando os critérios de classificação, exclusão e urgência de cada tipo de órgão que determinam a posição na lista de espera. O que é realizado com o auxílio de um sistema informatizado para o ranking dos receptores mais compatíveis.
A identificação de potenciais doadores é feita, principalmente, nos hospitais onde os mesmos estão internados, através das Comissões Intra-hospitalares de Transplante, nas UTIs e Emergências em pacientes com o diagnóstico de Morte Encefálica. As funções da coordenação intra-hospitalar baseiam-se em organizar, no âmbito do hospital, o processo de captação de órgãos, articular-se com as equipes médicas do hospital, especialmente as das Unidades de Tratamento Intensivo e dos Serviços de Urgência e Emergência, no sentido de identificar os potenciais doadores e estimular seu adequado suporte para fins de doação, e articular-se com a respectiva Central de Notificação, Captação e Distribuição de órgãos, sob cuja coordenação esteja possibilitando o adequado fluxo de informações.
Doação de Órgãos no Brasil
A doação de órgãos no Brasil é regulamentada pela LEI Nº 9.434 de 04 de fevereiro de 1997 e pela LEI Nº 10.211 de 23 de março de 2001 que reconhecem duas situações:
1. Doação de Órgãos de doador vivo, familiar até 4º grau de parentesco, mais freqüentemente de rim, pois é um órgão duplo e não traz prejuízo para o doador; e
2. Doação de Órgãos ou tecidos de doador falecido, que é determinada pela vontade dos familiares até 2º grau de parentesco, mediante um termo de autorização da doação.
A importância da divulgação e conhecimento da intenção das pessoas por parte de seus familiares em relação à doação de órgãos é fundamental no momento da autorização de uma doação.
Transplantes
O Brasil possui hoje um dos maiores programas públicos de transplantes de órgãos e tecidos do mundo. Com 548 estabelecimentos de saúde e 1.376 equipes médicas autorizados a realizar transplantes, o Sistema Nacional de Transplantes está presente em 25 estados do país, por meio das Centrais Estaduais de Transplantes.
Para ser um doador, não é necessário fazer nenhum documento por escrito. Basta que a sua família esteja ciente da sua vontade. Assim, quando for constatada a morte encefálica do paciente, uma ou mais partes do corpo que estiverem em condições de serem aproveitadas poderão ajudar a salvar as vidas de outras pessoas. Lembre-se que alguns órgãos podem ser doados em vida. São eles: parte do fígado, um dos rins e parte da medula óssea.
Para ser um doador, não é necessário fazer nenhum documento por escrito. Basta que a sua família esteja ciente da sua vontade. Assim, quando for constatada a morte encefálica do paciente, uma ou mais partes do corpo que estiverem em condições de serem aproveitadas poderão ajudar a salvar as vidas de outras pessoas. Lembre-se que alguns órgãos podem ser doados em vida. São eles: parte do fígado, um dos rins e parte da medula óssea.
A política Nacional de Transplantes
A política Nacional de Transplantes de órgãos e tecidos está fundamentada na Legislação (Lei nº 9.434/1997 e Lei nº 10.211/2001), tendo como diretrizes a gratuidade da doação, a beneficência em relação aos receptores e não maleficência em relação aos doadores vivos. Estabelece também garantias e direitos aos pacientes que necessitam destes procedimentos e regula toda a rede assistencial através de autorizações e reautorizações de funcionamento de equipes e instituições. Toda a política de transplante está em sintonia com as Leis nº 8.080/1990 e nº 8.142/1990, que regem o funcionamento do SUS.
Fonte: http://portal.saude.gov.br/portal/saude
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Dra. Carmen Vergueiro é hematologista e trabalha na Santa Casa de São Paulo.
Dra. Juliana Serro é membro da AMEO (Associação de Medula Óssea).
A medula óssea é formada por tecido gorduroso no qual são fabricados os elementos figurados do sangue: hemácias ou glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas.
No entanto, ela pode entrar em falência e não ser mais capaz de produzir as células do sangue ou pode ser destruída completamente durante o tratamento de determinados tipos de câncer que exigem altas doses de medicamentos quimioterápicos e/ou de radioterapia. Em situações como essas, o transplante de medula óssea pode ser a única maneira de salvar muitas vidas. O procedimento é bastante simples. Colhe-se uma pequena quantidade de células progenitoras da medula óssea do doador e injeta-se no sangue periférico, na veia do receptor. Através da circulação, essas células atingirão o interior dos ossos, lugar onde mais gostam de viver, começarão a multiplicar-se e retomarão a atividade de produzir os componentes do sangue. Em pouco tempo também, o receptor terá recomposto completamente sua medula óssea e, se quiser, estará apto para uma nova doação.
Embora simples e possível de ser feito, esse procedimento esbarra num grande problema. Como se sabe, o organismo tem a capacidade de rejeitar tecidos que lhe são estranhos. No caso específico do transplante de medula óssea, essa rejeição tem características muito especiais que dificultam encontrar um doador compatível.
DOADORES COMPATIVEIS:
Drauzio – Que chance tem de conseguir um doador a pessoa que necessite de um transplante de medula óssea?
Carmen Vergueiro – A possibilidade maior é encontrar um doador entre os irmãos. Como se trata de herança genética, a chance de ser compatível é de 25% por irmão. Portanto, quanto mais irmãos houver, maior a probabilidade de um encontrar um doador nesse grupo familiar.
Atualmente, porém, a tendência é existirem famílias cada vez menores. Por isso, entre 60% e 70% dos pacientes que necessitam de um transplante de medula óssea não encontram doadores entre os familiares e precisam tomar outras providências.
Drauzio – Pai e mãe não servem?
Carmen Vergueiro – Não servem. Como o pai passa metade da herança genética e a mãe outra metade, eles são o que se chama de haploidênticos, pois têm apenas metade da informação genética do filho.
Drauzio – E os primos ou outros parentes mais próximos podem ajudar?
Carmen Vergueiro – Se fizer uma pesquisa em toda a família, a chamada busca na família estendida, a chance de encontrar alguém totalmente compatível é de 7% a 10%.
COMPORTAMENTO DOS DOADORES
DOADORES VOLUNTÁRIOS
Drauzio - Você disse que a chance de conseguir um irmão como doador compatível é de 25%. Portanto, em cada quatro irmãos apenas um teria medula compatível. Se estendermos a busca estendida entre os parentes, de 7% a 10% dos doentes conseguem encontrar um doador adequado. O que acontece com os outros?
Carmen Vergueiro – Os outros têm de recorrer aos registros de doadores voluntários, pessoas que se dispõem a doar uma pequena parte de sua medula óssea para qualquer paciente que necessite de um transplante desde que seja compatível com ele.
Drauzio – O que precisa fazer um doador voluntário de medula óssea?
Carmen Vergueiro – Primeiro, o doador voluntário precisa preencher um cadastro e colher uma amostra de sangue para um teste de compatibilidade (HLA). O resultado obtido por meio de um exame de laboratório bastante comum é colocado num banco de dados do Ministério da Saúde, o REDOME (Registro dos Doadores de Medula), no Rio de Janeiro. Sempre que houver um paciente que necessite de transplante e não tenha encontrado doador na família, os médicos podem consultar esse registro e, encontrando uma pessoa compatível, convocá-la para realizar novos exames de sangue e para uma avaliação clínica a fim de saber se pode de fato doar a medula.
Drauzio –A pessoa doa uma amostra de sangue, preenche um cadastro e volta para casa, mas pode acontecer que nunca seja chamada.
Carmen Vergueiro –Imagina-se que em cada dez mil pessoas registradas, apenas uma será doadora, porque a probabilidade de encontrar alguém compatível fora da família é muito pequena.
Drauzio – Vamos supor que eu necessite de um transplante de medula óssea. Você testa as pessoas de minha família e não encontra nenhum doador compatível. Qual a minha chance de conseguir uma medula compatível na população como um todo?
Carmen Vergueiro – Varia de uma para dez mil a uma para um milhão, dependendo de sua herança genética. Se for um tipo mais freqüente, sua chance é uma em dez mil. Se for raro, será uma em um milhão. De qualquer modo é sempre difícil encontrar um doador compatível.
Drauzio – Para montar esse arquivo, o sangue dos doadores voluntários é colhido no Brasil inteiro?
Carmen Vergueiro – O sangue é colhido nos hemocentros dos diversos estados. O processo é bem simples. O doador vai ao hemocentro mais perto de sua casa, colhe uma amostra de sangue e preenche um cadastro. Essa amostra é enviada para um laboratório de histocompatibilidade, que faz um exame e envia o resultado e os dados do doador para o REDOME, no Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, onde fica centralizada a informação obtida no Brasil inteiro. Se um paciente precisar de transplante, realiza-se uma busca nesse cadastro para ver se existe alguém compatível.
PROCEDIMENTO DE DOAÇÃO
Drauzio – Vamos levantar uma hipótese. Eu dôo uma amostra de sangue e meu nome vai para esse cadastro. Passam-se dois anos e alguém me telefona dizendo: estamos precisando de sua medula porque ela é compatível com uma pessoa que precisa de transplante no Pará. Qual é o procedimento burocrático daí em diante?
Carmen Vergueiro – Você irá doar sua medula no centro de transplantes mais próximo de sua casa. Se mora em São Paulo, num dos centros de transplante registrados nessa cidade. O doador não precisa locomover-se até o local do transplante. É a medula que vai congelada num saco como se fosse sangue. Além disso, não existe nenhum custo para o doador. Tudo é pago pelo Ministério da Saúde, pelo SUS.
Drauzio –Chegando ao hemocentro mais próximo de minha casa, qual seria o procedimento seguinte?
Carmen Vergueiro – Numa primeira etapa, seria feita uma avaliação clínica do doador para saber se está em condições de doar a medula sem correr nenhum risco e seriam repetidos os exames de sangue. As sorologias são feitas só nesse momento. Não é como na doação de sangue comum que elas são feitas imediatamente para verificar casos de hepatite, sífilis, HIV, etc.
MÉTODOS DE DOAÇÃO
Drauzio –O procedimento de doação de medula óssea dura, em geral, quatro horas. O doador sente algum desconforto?
Carmen Vergueiro – Algum desconforto pode ocorrer quando ele faz uso do estimulante para produzir mais células progenitoras. São sintomas semelhantes ao de uma gripe, um mal-estar que cede com qualquer analgésico.
Drauzio – Durante a filtração das células progenitoras, o doador corre algum risco?
Carmen Vergueiro –Não corre nenhum risco nem sente qualquer desconforto. É um procedimento realizado há mais de 20 anos, e nunca houve nenhum acidente com o doador.
Drauzio – Você disse que são dois métodos. Um é retirar as células progenitoras do sangue periférico. E o outro?
Carmen Vergueiro – O outro é puncionar diretamente a medula óssea do osso, do tutano, como você disse. Usando seringa e agulha, são feitas punções no osso do quadril para aspirar o material que contém as células progenitoras do sangue. Nesse caso, o doador é anestesiado para que não sinta dor. Esse procedimento dura 40 minutos.
Drauzio – Quem pode ser doador de medula óssea?
Carmen Vergueiro – Qualquer pessoa entre 18 e 55 anos, em bom estado de saúde, pode ser doadora de medula óssea. Não existe nenhum outro critério para exclusão.
Drauzio – Não são excluídas pessoas que tiveram hepatite nem as portadoras do vírus HIV?
Carmen Vergueiro – A princípio, não. Pede-se apenas que a pessoa tenha boa saúde. A sorologia não é importante no momento em que entra no programa, pois a probabilidade é que, em cada dez mil, só uma seja doadora, talvez vários anos depois de ter-se inscrito como voluntária.
O importante é saber como ela está clinicamente na hora de doar. Só, então, se irá avaliar, por exemplo, se a hepatite representa um risco tão grande quanto o benefício de receber um transplante de medula óssea.
COMPORTAMENTO DOS DOADORES
Drauzio – Como os potenciais doadores se comportam ao saber que basta tirar uma amostra de sangue e preencher um cadastro para fazer parte do REDOME?
Carmen Vergueiro – O desconhecimento sobre a doação de medula óssea é enorme. Quando as pessoas são informadas de como é fácil ser doador voluntário ficam surpresas. Não podiam imaginar que doar a medula óssea fosse simples nem que pudesse ser feita em vida. Não sabiam que ela se reconstitui, se regenera em pouco tempo. Nesse campo, a falta de informação é o principal problema.
Drauzio – Que tipo de abordagem vocês fazem para motivar a população para doar a medula óssea, uma vez que o ideal seria que todas as pessoas entre 18 e 55 anos fossem doadoras, pois a chance que os doentes têm de encontrar uma medula fora da família é muito pequena?
Carmen Vergueiro – Em geral, as pessoas só se sensibilizam quando vêem o desespero e o sofrimento de uma família que procura um doador para alguém muito próximo. Por isso, temos feito um trabalho com doentes e familiares que passaram por essa experiência na vida. Formamos com eles um grupo que divulga material informativo, distribui folhetos, faz palestras, visita faculdades para conseguir doadores voluntários.
Se soubermos que numa cidade alguém precisa de transplante e não encontra doador, vamos para lá e iniciamos uma campanha de esclarecimento. Assim, além de informar corretamente a população, conseguimos registrar muita gente que se solidariza conosco e se engaja na campanha.
Drauzio – Você faz uma idéia do número de doadores inscritos nesse programa?
Carmen Vergueiro – No REDOME há atualmente em torno de 45.000 pessoas registradas. Os Estados Unidos têm 5 milhões. Portanto, no Brasil é muito pequena a possibilidade de achar um doador compatível. Já nos Estados Unidos, em média, é de mais ou menos 50%. Dependendo do tipo de herança genética, se for das mais freqüentes, a chance de achar alguém no registro americano é de 80% e, se for uma herança mais rara, de 30%. Nós, brasileiros, podemos recorrer aos registros americanos e europeus, mas como nossa herança genética é muito miscigenada, o mais provável é que se encontre um doador em nosso país.
Fonte: http://www.drauziovarella.com.br/ExibirConteudo/1745/doacao-de-medula-ossea
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Doação de medula óssea
* Entrevista do Dr. Drauzio Varella sobre Doação de Medula Óssea com Dra. Carmen Vergueiro e Dra. Juliana Serro.
Dra. Carmen Vergueiro é hematologista e trabalha na Santa Casa de São Paulo.
Dra. Juliana Serro é membro da AMEO (Associação de Medula Óssea).
Muita gente confunde transplante de medula óssea com transplante da medula espinhal. Infelizmente, não se domina ainda a tecnologia necessária para transplantar um fragmento que seja da medula espinhal, isto é, da porção do sistema nervoso central que passa por dentro do canal localizado na coluna vertebral.
Quando se fala de transplante de medula óssea, estamos nos referindo a um procedimento clínico que possibilita retirar parte da medula alojada na cavidade interna de vários ossos, aquela parte que no esqueleto dos bovinos, por exemplo, chamamos de tutano.A medula óssea é formada por tecido gorduroso no qual são fabricados os elementos figurados do sangue: hemácias ou glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas.
No entanto, ela pode entrar em falência e não ser mais capaz de produzir as células do sangue ou pode ser destruída completamente durante o tratamento de determinados tipos de câncer que exigem altas doses de medicamentos quimioterápicos e/ou de radioterapia. Em situações como essas, o transplante de medula óssea pode ser a única maneira de salvar muitas vidas. O procedimento é bastante simples. Colhe-se uma pequena quantidade de células progenitoras da medula óssea do doador e injeta-se no sangue periférico, na veia do receptor. Através da circulação, essas células atingirão o interior dos ossos, lugar onde mais gostam de viver, começarão a multiplicar-se e retomarão a atividade de produzir os componentes do sangue. Em pouco tempo também, o receptor terá recomposto completamente sua medula óssea e, se quiser, estará apto para uma nova doação.
Embora simples e possível de ser feito, esse procedimento esbarra num grande problema. Como se sabe, o organismo tem a capacidade de rejeitar tecidos que lhe são estranhos. No caso específico do transplante de medula óssea, essa rejeição tem características muito especiais que dificultam encontrar um doador compatível.
DOADORES COMPATIVEIS:
Drauzio – Que chance tem de conseguir um doador a pessoa que necessite de um transplante de medula óssea?
Carmen Vergueiro – A possibilidade maior é encontrar um doador entre os irmãos. Como se trata de herança genética, a chance de ser compatível é de 25% por irmão. Portanto, quanto mais irmãos houver, maior a probabilidade de um encontrar um doador nesse grupo familiar.
Atualmente, porém, a tendência é existirem famílias cada vez menores. Por isso, entre 60% e 70% dos pacientes que necessitam de um transplante de medula óssea não encontram doadores entre os familiares e precisam tomar outras providências.
Drauzio – Pai e mãe não servem?
Carmen Vergueiro – Não servem. Como o pai passa metade da herança genética e a mãe outra metade, eles são o que se chama de haploidênticos, pois têm apenas metade da informação genética do filho.
Drauzio – E os primos ou outros parentes mais próximos podem ajudar?
Carmen Vergueiro – Se fizer uma pesquisa em toda a família, a chamada busca na família estendida, a chance de encontrar alguém totalmente compatível é de 7% a 10%.
COMPORTAMENTO DOS DOADORES
Drauzio – Juliana, quando vocês tentam convencer as pessoas a se cadastrarem como doadoras de medula óssea, quais são as dúvidas mais freqüentes?
Juliana Serro – As pessoas costumam confundir medula óssea com medula espinhal e temem ficar paraplégicas caso doem uma parte de sua medula.
Outra dúvida é se a medula óssea pode ser doada mais de uma vez. Explicamos que, como a medula se recompõe após a doação, a pessoa pode doá-la tantas vezes quantas sejam necessárias, o que não é comum tendo em vista a dificuldade de servir como doadora.
No entanto, se doar pelo REDOME e, mais tarde, descobrir que um parente seu precisa de sua medula, ela pode doar novamente sem nenhum problema.
Drauzio – Na verdade, essa medula que foi doada não faz falta nenhuma para o doador.
Juliana Serro – Não há prejuízo nenhum para o doador, já que a medula se recompõe em poucos dias.
Drauzio – O que deve fazer uma pessoa que deseja doar a medula óssea?
Juliana Serro – Em São Paulo, a pessoa deve dirigir-se ao Hemocentro da Santa Casa de Misericórdia e dizer que deseja doar a medula. Uma enfermeira ou um médico vão explicar-lhe como funciona e qual é o procedimento funciona de doação de medula óssea e elucidar possíveis dúvidas.
Depois disso, se a pessoa quiser realmente ser doadora, irá preencher um cadastro e coletar uma pequena amostra de sangue para um exame de tipagem do sangue, ou seja, um exame de compatibilidade, cujo resultado será encaminhado ao REDOME.
Drauzio – A pessoa perde muito tempo para fazer isso?
Juliana Serro – Não perde. Em 15 a 20 minutos no máximo a pessoa consegue cadastrar-se como doadora. É rápido e o horário de atendimento bastante amplo. Vai das 7 horas da manhã às seis da tarde durante a semana e, aos sábados, das 7 às 15 horas. É muito pouco tempo diante do benefício que ela estará prestando a quem depende do transplante de medula óssea para viver.
Drauzio – Já aconteceu de alguém se ter cadastrado e desistido na hora em que foi convocado para doar a medula?
Juliana Serro – Às vezes, acontece. As pessoas se cadastram por impulso sem estar bem informadas e conscientes do que estão fazendo. Algumas, quando são reconvocadas dizem – ah, pensei melhor… acho que vou desmaiar ou minha não me deixa…
Por isso nosso esforço é para que as pessoas se inscrevam sabendo o que estão fazendo e tendo consciência da importância gesto. Como demora em média três meses o processo de busca até chegar ao doador e coletar a medula reconvocar um novo doador, a desistência pode representar a perda de um tempo que o paciente não mais dispõe.
Drauzio – É importante deixar claro que a doação de medula é desprovida de qualquer complicação e que podemos doá-la sem que nos faça nenhuma falta.
Carmen Vergueiro – Doar a medula óssea é um procedimento simples que pode salvar uma vida. A doação não traz nenhum risco para o doador, pois em pouco tempo sua medula estará completamente regenerada.
Para obter maiores informações, basta entrar em contato com a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - (11) 3224-0122 ou (11) 3226-7528, ramal 5989 ou solicitar que a ligação seja transferida para o Hemocentro.
Juliana Serro – As pessoas costumam confundir medula óssea com medula espinhal e temem ficar paraplégicas caso doem uma parte de sua medula.
Outra dúvida é se a medula óssea pode ser doada mais de uma vez. Explicamos que, como a medula se recompõe após a doação, a pessoa pode doá-la tantas vezes quantas sejam necessárias, o que não é comum tendo em vista a dificuldade de servir como doadora.
No entanto, se doar pelo REDOME e, mais tarde, descobrir que um parente seu precisa de sua medula, ela pode doar novamente sem nenhum problema.
Drauzio – Na verdade, essa medula que foi doada não faz falta nenhuma para o doador.
Juliana Serro – Não há prejuízo nenhum para o doador, já que a medula se recompõe em poucos dias.
Drauzio – O que deve fazer uma pessoa que deseja doar a medula óssea?
Juliana Serro – Em São Paulo, a pessoa deve dirigir-se ao Hemocentro da Santa Casa de Misericórdia e dizer que deseja doar a medula. Uma enfermeira ou um médico vão explicar-lhe como funciona e qual é o procedimento funciona de doação de medula óssea e elucidar possíveis dúvidas.
Depois disso, se a pessoa quiser realmente ser doadora, irá preencher um cadastro e coletar uma pequena amostra de sangue para um exame de tipagem do sangue, ou seja, um exame de compatibilidade, cujo resultado será encaminhado ao REDOME.
Drauzio – A pessoa perde muito tempo para fazer isso?
Juliana Serro – Não perde. Em 15 a 20 minutos no máximo a pessoa consegue cadastrar-se como doadora. É rápido e o horário de atendimento bastante amplo. Vai das 7 horas da manhã às seis da tarde durante a semana e, aos sábados, das 7 às 15 horas. É muito pouco tempo diante do benefício que ela estará prestando a quem depende do transplante de medula óssea para viver.
Drauzio – Já aconteceu de alguém se ter cadastrado e desistido na hora em que foi convocado para doar a medula?
Juliana Serro – Às vezes, acontece. As pessoas se cadastram por impulso sem estar bem informadas e conscientes do que estão fazendo. Algumas, quando são reconvocadas dizem – ah, pensei melhor… acho que vou desmaiar ou minha não me deixa…
Por isso nosso esforço é para que as pessoas se inscrevam sabendo o que estão fazendo e tendo consciência da importância gesto. Como demora em média três meses o processo de busca até chegar ao doador e coletar a medula reconvocar um novo doador, a desistência pode representar a perda de um tempo que o paciente não mais dispõe.
Drauzio – É importante deixar claro que a doação de medula é desprovida de qualquer complicação e que podemos doá-la sem que nos faça nenhuma falta.
Carmen Vergueiro – Doar a medula óssea é um procedimento simples que pode salvar uma vida. A doação não traz nenhum risco para o doador, pois em pouco tempo sua medula estará completamente regenerada.
Para obter maiores informações, basta entrar em contato com a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - (11) 3224-0122 ou (11) 3226-7528, ramal 5989 ou solicitar que a ligação seja transferida para o Hemocentro.
DOADORES VOLUNTÁRIOS
Drauzio - Você disse que a chance de conseguir um irmão como doador compatível é de 25%. Portanto, em cada quatro irmãos apenas um teria medula compatível. Se estendermos a busca estendida entre os parentes, de 7% a 10% dos doentes conseguem encontrar um doador adequado. O que acontece com os outros?
Carmen Vergueiro – Os outros têm de recorrer aos registros de doadores voluntários, pessoas que se dispõem a doar uma pequena parte de sua medula óssea para qualquer paciente que necessite de um transplante desde que seja compatível com ele.
Drauzio – O que precisa fazer um doador voluntário de medula óssea?
Carmen Vergueiro – Primeiro, o doador voluntário precisa preencher um cadastro e colher uma amostra de sangue para um teste de compatibilidade (HLA). O resultado obtido por meio de um exame de laboratório bastante comum é colocado num banco de dados do Ministério da Saúde, o REDOME (Registro dos Doadores de Medula), no Rio de Janeiro. Sempre que houver um paciente que necessite de transplante e não tenha encontrado doador na família, os médicos podem consultar esse registro e, encontrando uma pessoa compatível, convocá-la para realizar novos exames de sangue e para uma avaliação clínica a fim de saber se pode de fato doar a medula.
Drauzio –A pessoa doa uma amostra de sangue, preenche um cadastro e volta para casa, mas pode acontecer que nunca seja chamada.
Carmen Vergueiro –Imagina-se que em cada dez mil pessoas registradas, apenas uma será doadora, porque a probabilidade de encontrar alguém compatível fora da família é muito pequena.
Drauzio – Vamos supor que eu necessite de um transplante de medula óssea. Você testa as pessoas de minha família e não encontra nenhum doador compatível. Qual a minha chance de conseguir uma medula compatível na população como um todo?
Carmen Vergueiro – Varia de uma para dez mil a uma para um milhão, dependendo de sua herança genética. Se for um tipo mais freqüente, sua chance é uma em dez mil. Se for raro, será uma em um milhão. De qualquer modo é sempre difícil encontrar um doador compatível.
Drauzio – Para montar esse arquivo, o sangue dos doadores voluntários é colhido no Brasil inteiro?
Carmen Vergueiro – O sangue é colhido nos hemocentros dos diversos estados. O processo é bem simples. O doador vai ao hemocentro mais perto de sua casa, colhe uma amostra de sangue e preenche um cadastro. Essa amostra é enviada para um laboratório de histocompatibilidade, que faz um exame e envia o resultado e os dados do doador para o REDOME, no Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, onde fica centralizada a informação obtida no Brasil inteiro. Se um paciente precisar de transplante, realiza-se uma busca nesse cadastro para ver se existe alguém compatível.
PROCEDIMENTO DE DOAÇÃO
Drauzio – Vamos levantar uma hipótese. Eu dôo uma amostra de sangue e meu nome vai para esse cadastro. Passam-se dois anos e alguém me telefona dizendo: estamos precisando de sua medula porque ela é compatível com uma pessoa que precisa de transplante no Pará. Qual é o procedimento burocrático daí em diante?
Carmen Vergueiro – Você irá doar sua medula no centro de transplantes mais próximo de sua casa. Se mora em São Paulo, num dos centros de transplante registrados nessa cidade. O doador não precisa locomover-se até o local do transplante. É a medula que vai congelada num saco como se fosse sangue. Além disso, não existe nenhum custo para o doador. Tudo é pago pelo Ministério da Saúde, pelo SUS.
Drauzio –Chegando ao hemocentro mais próximo de minha casa, qual seria o procedimento seguinte?
Carmen Vergueiro – Numa primeira etapa, seria feita uma avaliação clínica do doador para saber se está em condições de doar a medula sem correr nenhum risco e seriam repetidos os exames de sangue. As sorologias são feitas só nesse momento. Não é como na doação de sangue comum que elas são feitas imediatamente para verificar casos de hepatite, sífilis, HIV, etc.
MÉTODOS DE DOAÇÃO
Drauzio –O procedimento de doação de medula óssea dura, em geral, quatro horas. O doador sente algum desconforto?
Carmen Vergueiro – Algum desconforto pode ocorrer quando ele faz uso do estimulante para produzir mais células progenitoras. São sintomas semelhantes ao de uma gripe, um mal-estar que cede com qualquer analgésico.
Drauzio – Durante a filtração das células progenitoras, o doador corre algum risco?
Carmen Vergueiro –Não corre nenhum risco nem sente qualquer desconforto. É um procedimento realizado há mais de 20 anos, e nunca houve nenhum acidente com o doador.
Drauzio – Você disse que são dois métodos. Um é retirar as células progenitoras do sangue periférico. E o outro?
Carmen Vergueiro – O outro é puncionar diretamente a medula óssea do osso, do tutano, como você disse. Usando seringa e agulha, são feitas punções no osso do quadril para aspirar o material que contém as células progenitoras do sangue. Nesse caso, o doador é anestesiado para que não sinta dor. Esse procedimento dura 40 minutos.
Drauzio – Quem pode ser doador de medula óssea?
Carmen Vergueiro – Qualquer pessoa entre 18 e 55 anos, em bom estado de saúde, pode ser doadora de medula óssea. Não existe nenhum outro critério para exclusão.
Drauzio – Não são excluídas pessoas que tiveram hepatite nem as portadoras do vírus HIV?
Carmen Vergueiro – A princípio, não. Pede-se apenas que a pessoa tenha boa saúde. A sorologia não é importante no momento em que entra no programa, pois a probabilidade é que, em cada dez mil, só uma seja doadora, talvez vários anos depois de ter-se inscrito como voluntária.
O importante é saber como ela está clinicamente na hora de doar. Só, então, se irá avaliar, por exemplo, se a hepatite representa um risco tão grande quanto o benefício de receber um transplante de medula óssea.
COMPORTAMENTO DOS DOADORES
Drauzio – Como os potenciais doadores se comportam ao saber que basta tirar uma amostra de sangue e preencher um cadastro para fazer parte do REDOME?
Carmen Vergueiro – O desconhecimento sobre a doação de medula óssea é enorme. Quando as pessoas são informadas de como é fácil ser doador voluntário ficam surpresas. Não podiam imaginar que doar a medula óssea fosse simples nem que pudesse ser feita em vida. Não sabiam que ela se reconstitui, se regenera em pouco tempo. Nesse campo, a falta de informação é o principal problema.
Drauzio – Que tipo de abordagem vocês fazem para motivar a população para doar a medula óssea, uma vez que o ideal seria que todas as pessoas entre 18 e 55 anos fossem doadoras, pois a chance que os doentes têm de encontrar uma medula fora da família é muito pequena?
Carmen Vergueiro – Em geral, as pessoas só se sensibilizam quando vêem o desespero e o sofrimento de uma família que procura um doador para alguém muito próximo. Por isso, temos feito um trabalho com doentes e familiares que passaram por essa experiência na vida. Formamos com eles um grupo que divulga material informativo, distribui folhetos, faz palestras, visita faculdades para conseguir doadores voluntários.
Se soubermos que numa cidade alguém precisa de transplante e não encontra doador, vamos para lá e iniciamos uma campanha de esclarecimento. Assim, além de informar corretamente a população, conseguimos registrar muita gente que se solidariza conosco e se engaja na campanha.
Drauzio – Você faz uma idéia do número de doadores inscritos nesse programa?
Carmen Vergueiro – No REDOME há atualmente em torno de 45.000 pessoas registradas. Os Estados Unidos têm 5 milhões. Portanto, no Brasil é muito pequena a possibilidade de achar um doador compatível. Já nos Estados Unidos, em média, é de mais ou menos 50%. Dependendo do tipo de herança genética, se for das mais freqüentes, a chance de achar alguém no registro americano é de 80% e, se for uma herança mais rara, de 30%. Nós, brasileiros, podemos recorrer aos registros americanos e europeus, mas como nossa herança genética é muito miscigenada, o mais provável é que se encontre um doador em nosso país.
Fonte: http://www.drauziovarella.com.br/ExibirConteudo/1745/doacao-de-medula-ossea